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Miriam Carrilho
Mágoas dores, desenganos,
um doce aqui e acolá
pra dar sustento, levantar
a cabeça, acelerar o passo,
seguir.
Amigos – companheiros,
cúmplices, condescendentes –
os melhores…
Momentos, regalos, regados
ou não, a um bom vinho, um café,
um poema, um texto recém descoberto.
E o pôr-do-sol a cobrir
laranja e ouro, sonhos raros.
E bons.
Caminhar, caminhar sob as nuvens
grisalhas, em meio a ventos mansos,
sobre os cascalhos de nacaradas
conchas náufragas do mar.
O caminho a se fazer
– segundo a segundo – refazer e desfazer,
Penélope à espera:
– Do quê? Do quê?
Acomodar-se quase sempre,
rebelar-se ante o insuportável,
sorver, gole a gole, o líquido cotidiano.
Zanzar, zanzar até uma estrela
torta que pisca, pisca zarolha
sorrindo pra mim.
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